Democracia Não Funciona

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Em tempos de protestos pelo Brasil, a “defesa da democracia” virou moda. Pois bem. Através de um exercício lógico simples, é possível concluir que a democracia, além de não ser o sistema social ideal, ainda oferece riscos potenciais à sociedade.

Kant, em “A Paz Perpétua”, seu livro sobre direito internacional, afirma que a democracia, assim como a tirania, é um regime despótico. Se por um lado na tirania o interesse de um pequeno grupo é imposto ao resto da sociedade, na democracia o interesse da maioria é imposto às minorias. Portanto, em diferentes escalas, ambos são regimes que não oferecem justiça social de forma plena.

Contudo, quando se trata de uma república democrática, os diferentes grupos e seus interesses têm a chance à disputa livre pelo poder. O que se observa, no entanto, é que essa disputa é predominantemente baseada em ideologia e crença – o que acaba abrindo o precedente para consequências bastante negativas. A “cura gay”, Mitt Romney, Enéias e sua bomba atômica, são só os exemplos mais caricatos.

Desta forma, ainda que a democracia seja fundamentalmente baseada em campos do conhecimento científico (sociologia, ciências políticas, economia, história…), o que parece faltar à discussão democrática é metodologia, racionalidade – rigor científico. Quando abrem-se as portas do poder público para o pensamento dogmático e irracional, anula-se a possibilidade de discussão construtiva e expõe-se a sociedade a sérios riscos – violação dos direitos humanos e homofobia são exemplos recentes.

Assumindo-se essas circunstâncias, vamos analisar um modelo alternativo: a comunidade científica. Neste modelo, ao invés da democracia, a sociedade baseia-se no consenso. Ou seja: determinada teoria, quando aceita, é reconhecida por 100% da população como válida. No entanto, esta é uma concordância temporária, e o debate de ideias que refutem ou melhorem a teoria corrente é encorajado e visto como progresso. Mas ao invés de militância, discute-se através de raciocínio lógico, observação, experimentação e evidência. Como prova de que este modelo é bem sucedido, não é a toa que a comunidade científica é, muito provavelmente, a organização social que mais gerou benefícios ao resto da sociedade até hoje.

Conclusão

São visíveis os perigos da nossa atual estrutura democrática. E esses perigos baseiam-se predominantemente na falta de responsabilidade técnica e metodológica no que diz respeito ao interesse público. Religiões, crenças, ideologias devem ter o seu espaço. Mas bem longe das decisões que afetam 100% da população. É exatamente nessas decisões que precisamos de razão.

Vinicius Gomes

Vinicius Gomes

Software Developer

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